quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Excursão ao Correio

As turmas A e B do 6º ano esteve na Agência dos Correios _ Avenida Tiradentes.
Fomos postar cartinhas para os Papais, Avós ou alguém muito especial que gostaríamos de surpreender.
A turma atualmente costuma receber Cobranças do sr. carteiro...
Para aqueles pais que esperavam uma cobrança, ou outra comunicação qualquer, uma cartinha carinhosa com gostinho de aventura...
Registramos alguns dos melhores momentos.
Agradecemos aqui a atenção, carinho e paciência das funcionárias daquela agência! 

Fomos caminhando... muita gente não esperava por essa! Ah... é tão pertinho gente! (turma B)



                   Tia Márcia, sempre presente, sorrindo, dando "aquele" apoio! Valeu!!
Enquanto a Priscilla aguardava descontraída  outros estavam um pouco apreensivos né Hyan?



Ana Júlia sendo atendida 

"Euzinha" - muito contente com a participação da turma!

Mikeas e Samuel Struck ladeando a tia Márcia 

"Põe aqui o seu pezinho" 

Orientações sobre encomendas - parte interna da agência 

Escrevendo "direitinho" nos envelopes 

Espera... com senha e tudo! Olha a elegância da Beatriz! Ninguém tinha pressa... 


Momento descontração...  

... muita alegria!




Euforia até...

Lucas França postando carta


A tia Dayse também nos acompanhou nessa aventura... 


O Gustavo não perdeu a oportunidade... mesmo de última hora escreveu um recadinho. 


terça-feira, 16 de abril de 2013

E-BOOKS DE OBRAS CLÁSSICAS, MÚSICA ERUDITA, POESIA E MUITO MAIS

Leia, desfrute e divulgue.


 e muito, muito mais!! 






sábado, 13 de abril de 2013

Sete casos do detetive Xulé


Desenhando os PERSONAGENS DO CASO:  “O dia em que o detetive Oduvaldo Sampaio Pires da Silva, vulgo *Xulé, resolveu o caso do gato em apenas um minuto”

Atividade de Literatura
Livro: Sete casos do detetive Xulé* - Ulisses Tavares
6º ano   - turmas A e B 2013   


·      Esse é um detetive muito “maluquinho” que apesar de honesto é um tanto quanto atrapalhado e tem um ‘leve’ distúrbio das glândulas sudoríparas nos membros  inferiores, mas nega-se a aceitar  o apelido de 'Chulé'.  Já que ele é distraído e é ele mesmo quem nos conta suas aventuras escreve : Xulé.

Selecionamos algumas "amostras" dos trabalhos realizados


Beatriz Lessa Borges 6º A 

João Pedro 6º B 

Ester M. de Oliveira  










domingo, 18 de novembro de 2012

Coletânea - História de professores e alunos

  Para aqueles que não adquiriram o livro literário: História de professores e alunos - selecionei seis dos oito contos que fazem parte da coletanea e os posto aqui.  Os que não  consegui foram: "Castigo"  - de Sérgio Porto e "O filho da iniquidade" de  Leonardo Arroio.
Boa leitura  6º ano !











COLETÂNEA DE CONTOS – HISTÓRIAS DE PROFESSORES E ALUNOS .

Primeiras leituras
Paulo Mendes Campos
            A primeira sentença cujo segredo consegui decifrar até o fim dava a mim
uma importância que a psicanálise explica: "A bola é de Paulo". Estava escrito
debaixo do cartão colorido, na parede do primeiro ano primário do Grupo Barão do Rio Branco. Naquele tempo, o trabalho maior da professora era fazer com que olhássemos para a parte inferior do cartão, onde estavam as letras misteriosas, e não para cima, onde se estampava a figura do menino de calção azul e do cachorrinho correndo atrás da bola, vendo-se mais longe uma casa rodeada de árvores e de cuja chaminé saía uma fumacinha feliz. Aprender é uma mutilação.
 Só no quarto ano trocamos os livros ilustrados por um volume mais grosso, sem enfeites: era a antologia de Olavo Bilac e Manuel Bonfim. Já a essa altura, sem contar as silabadas, líamos correntemente. Mistério era descobrir por que motivo tanta gente havia escrito tanta coisa sem graça. Logo na primeira página, embirrei com o tal de Machado de Assis. Aquele lobriguei luz por baixo da porta me aborreceu. Lobriguei lembrava lombriga; lombriga lembrava vermífugo... Não topei Machado de Assis, a não ser aquele diabo velho, sentado entre dois sacos de moedas.
No exame de admissão, tive a sorte de ler e analisar gramaticalmente um trecho de Coelho Neto que sabia de cor: "Selva augusta, de velhos troncos intactos, jamais ferida pelo gume dos ferros...".Veio depois o ginásio, no qual considerava o florilégio um livro à parte, encapado no papel mais bonito, para contrabalançar o volume de matemática de Jácomo Stavale. Eram as flores que enfeitavam as horas de estudo, compridas e desertas Com o tempo, Machado de Assis foi melhorando de estilo e de  idéias. Vez por outra, no entanto, dava para escrever frases intransponíveis como esta: "O destino é o seu próprio contra-regra". Durante muitos anos, todas as vezes que deixava de entender uma situação, repetia comigo a fórmula incompreensível: "O destino é o seu próprio contra-regra"! Duro era encontrar motivos que justificassem nossa admiração por Rui Barbosa, o homem mais inteligente do mundo. Bonito mesmo era a última corrida de touros em Salvaterra, que não é de Alexandre Herculano, como lembram os ingratos, mas de Rebelo da Silva. Bonito era o sertanejo, antes de tudo, um forte. Bonito era o suave milagre ("longos são os caminhos da Galiléia e curta a piedade dos homens").
Quase tão bonito era o cerco de Leyde, com aquela dúvida atroz, que permaneceu até hoje, de saber se o mar era o único túmulo digno de um almirante bátavo ou batavo. Bonito era a virgem dos lábios de mel. Bonito foi o descobrimento de O coração de d'Amicis. Bonito foi quando achei na antologia de Carvalho Mesquita uma poesia esquisita, a história de uma boneca de olhos de conta cheinha de lã, que rolou na sarjeta e foi levada pelo homem do lixo, coberta de lama, nuinha, como quis Nosso Senhor; Jorge de Lima foi o meu primeiro frisson nouveau. Feio foi o que veio depois. A vida não é antológica, não tem gramática, não tem adjetivos bonitos, não tem pontuação. Foi o que aprendi um século mais tarde em um livro besta.





Reunião de Mães

Na reunião de pais só havia mães. Eu me sentiria constrangido em meio a tanta mulher, por mais simpáticas me parecessem, e acabaria nem entrando - se não pudesse logo distinguir, espalhadas no auditório, duas ou três presenças masculinas que partilhariam de meu ressabiado zelo paterno.
Sentei-me numa das últimas filas, para não causar espécie à seleta assembléia de progenitoras. Uma delas fazia tricô, e várias conversavam, já confraternizadas de outras reuniões. O Padre-Diretor tomou assento à mesa, cercado de professoras, e deu início à sessão.
Eu viera buscar Pedro Domingos para levá-lo ao mé­dico, mas desta vez cabia-me também participar antes da reunião. Afinal de contas andava mesmo precisando de verificar pessoalmente a quantas o menino andava.
O. Padre-Diretor fazia considerações gerais sobre o uniforme de gala a ser adotado. A gravatinha é azul? ­perguntou uma das mães. Meia três - quartos? - perguntou outra. E o emblema no bolsinho? - perguntou uma ter­ceira. Outra ainda, à minha frente, quis saber se tinha pesponto - mas sua pergunta não chegou a ser ouvida.
Invejei-lhes a desenvoltura. Tive vontade de perguntar também alguma coisa, para tornar mais efetivo meu interesse de pai - mas temi aquelas mães todas voltando a cabeça, curiosas e surpreendidas, ante uma destoante voz de homem, meio gaguejante talvez de insegurança. Poderia também não ser ouvido - e se isso me acontecesse eu sumiria na cadeira. Além do mais, não me ocorria nada de mais prático para perguntar senão o que vinha a ser pesponto.
Acabei concluindo que tanta perguntação quebrava um pouco a solene compostura que devíamos manter, como responsáveis pelo destino de nossos filhos. E dispensei-me de intervir, passando a ouvir a explanação do Padre­-Diretor:
–Chegamos agora ao ponto que interessa: o quinto ano. Depois de cuidadosa seleção, foi dividido em três turmas - a turma 14, dos mais adiantados; a turma 13, dos regulares; e a turma 12, dos atrasados, relapsos, irrequietos, indisciplinados. Os da 13 já não são lá essas coisas, mas os da 12 posso assegurar que dificilmente irão para frente, não querem nada com estudo.
Fiquei atento: em qual delas estaria o menino? Pensei que o Diretor ia ler a lista de cada turma - o meu certamente na 14. Não leu, talvez por consideração para com as mães que tinham filhos na 12. Várias, que já sabiam disso, puseram-se a falar ao mesmo tempo: não era culpa delas; levavam muito dever para casa, não se habituavam com o semi-internato. Uma - a do tricô, se não me engano - chegou mesmo a se queixar do ensino dirigido, que a seu ver não estava dando resultado. Outra disse que tinha três filhos, faziam provas no mesmo dia, como prepará-los de uma só vez? O Padre-Diretor sacudiu a cabeça, sorrindo com simpatia – não posso nem ao menos lastimar que a senhora tenha tanto filho. E voltou a falar nos relapsos, um caso muito sério. Não vai esse Padre dizer que meu filho está entre eles, pensei. Irrequieto, indisciplinado. Ah, mas ele havia de ver comigo: entre os piores!
E por que não? Quietinho, muito bem mandado, filhinho do papai, maria-vai-com-as-outras ele não era mesmo não. Desafiei o auditório, acendendo um cigarro: ninguém tinha nada com isso. Criança ainda, na idade mesmo de brincar e não levar as coisas tão a sério. O curioso é que não me parecesse assim tão vadio - jogava futebol na rua, assistia à televisão, brincava de bandido, mas na hora de estudar o rapazinho estudava, então eu não via? Quem sabe se procurasse ajudá-lo, dar uma mão­zinha. . Mas essas coisas que ele andava estudando eu já não sabia de cor, tinha de aprender tudo de novo. Outro dia, por exemplo, me embatucou perguntando se eu sabia como se chamam os que nascem na Nova Guiné. Ninguém sabe isso, meu filho, respondi gravemente. Ah, não sabe? Pois ele sabia: guinéu! Não acreditei, fui olhar no dicionário para ver se era mesmo. Era. Talvez estivesse na turma 13, bem que sabia lá uma coisa ou outra, o danadinho.
Agora o Diretor falava na comida que serviam ao almoço. Da melhor qualidade, mas havia um problema ­os meninos se recusavam a comer verdura, ele fazia questão que comessem, para manter dieta adequada. No entanto, algumas mães não colaboravam. Mandavam bilhetinhos pedindo que não dessem verdura aos filhos.
Eis algo que eu jamais soube explicar: por que menino não gosta de verdura? Quando menino eu também não gostava.
Pedem às mães que mandem bilhetinhos e não é só isso: usam qualquer recurso para não comer verdura. Hoje mesmo me apareceu um com um bilhete da mãe dizendo: não obrigar meu filho a comer verdura. Só que estava escrito com a letra do próprio menino.
Chegada era a hora de levá-lo ao médico - uma professora amiga foi buscá-lo para mim.
– Meu filho - perguntei, ansioso, assim que saímos:
– Em que turma você está? Na 12 ou na 13?
– Na 14 - ele respondeu, distraído. Respirei com
alívio: e nem podia ser de outra maneira, não era isso mesmo?
– Fico satisfeito de saber - comentei apenas.
Ele não perdeu tempo:
– Então eu queria te pedir um favor – aproveitou logo – que você mandasse ao Padre-Diretor um bilhete dizendo que eu não posso comer verdura.

A Vitória da Infância - Fernando Sabino












O aluno relapso

Por Ledo Ivo 
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Eu era o primeiro da aula; ele, o último.
Cumulado pelos elogios dos professores e o orgulho fami­liar, eu invejava, do fundo do coração, o colega turbulento sentado emblematicamente no último banco. 
Ele fumava nos recreios, desafiando o olhar suspeitoso dos vigilantes (e, entre duas tragadas enérgicas, proclamava atrevida­mente a inexistência de Deus), envolvia-se em episódios truculen­tos, vangloriava-se de proezas sexuais nem sempre ortodoxas. Seu rendimento escolar era praticamente nulo, e os professores, irmãos maristas, submetiam-no a continuados exercícios de humi­lhação. Mas eu o invejava; ele significava, para mim, a aventura e a transgressão.
Uma tarde de domingo, o acaso nos fez caminhar juntos pe­las ruas da cidade. Não lembro o que conversamos. Do longo passeio, que só terminou ao sol-posto, ficou apenas a recordação de que ele me ofereceu um cigarro, por mim recusado.
O encontro inesperado repercutiu na mesa familiar e chegou aos ouvidos dos irmãos maristas, pela boca de alguns piedosos delatores. Fui advertido de que deveria evitar a companhia indig­na, licenciosamente aparelhada para desviar-me dos estudos e do bom caminho.
Da avalancha de notas más que lhe juncou a trajetória esco­lar, resultou a sua reprovação. No fim do ano, perdi-o de vista.
Quarenta anos depois, numa viagem a Maceió, voltei a en­contrar o aluno relapso. Ele pertencia à nobre linhagem dos alagoanos que, amando a terra natal como as cobras amam seus ninhos de pedra, não emigram. Era professor de Direito e desem­bargador, rico e respeitado, de tendências políticas cerradamente conservadoras ou mesmo autoritárias. Considerava a religião um freio indispensável para sustar os desatinos humanos, e entendia que só o pulso forte das instituições militares tinha o poder de conjurar a vocação deletéria da sociedade civil e evitar a anarquia nacional.
O desenho final não correspondera ao rascunho da ado­lescência. Nem sequer fumava, como se os cigarros furtivos do tempo de colégio tivessem sido incluídos na sua lista de conde­nações e olvidos. Vivre avilit - a frase de Henri de Régnier ressoou na minha memória, no instante em que o vi passar, severo e com­passado, rumo ao Tribunal de Justiça. O Rimbaud sem gênio se convertera num intolerante julgador dos outros homens.

A vida rouba os nossos sonhos, mas há algo que a grande ladra não consegue levar. A deserção formidável fizera de mim o herdeiro do aluno relapso. O sentimento de aventura e trans­gressão, de que ele se despojara em sua metamorfose espiritual, passara a ser meu.
Eu desmentira os vaticínios que rodeavam a minha austera reputação de primeiro da aula, tomando-me um poeta, e era ago­ra, na idade madura, o aluno relapso que secretamente desejara ser na adolescência.




Aula de Inglês
Rubem Braga

—  Is this an elephant?

Minha tendência imediata foi responder que não; mas a gente não deve se deixar levar pelo primeiro impulso. Um rápido olhar que lancei à professora bastou para ver que ela falava com seriedade, e tinha o ar de quem propõe um grave problema. Em vista disso, examinei com a maior atenção o objeto que ela me apresentava.

Não tinha nenhuma tromba visível, de onde uma pessoa leviana poderia concluir às pressas que não se tratava de um elefante. Mas se tirarmos a tromba a um elefante, nem por isso deixa ele de ser um elefante; mesmo que morra em conseqüência da brutal operação, continua a ser um elefante; continua, pois um elefante morto é, em princípio, tão elefante como qualquer outro. Refletindo nisso, lembrei-me de averiguar se aquilo tinha quatro patas, quatro grossas patas, como costumam ter os elefantes. Não tinha. Tampouco consegui descobrir o pequeno rabo que caracteriza o grande animal e que, às vezes, como já notei em um circo, ele costuma abanar com uma graça infantil.

Terminadas as minhas observações, voltei-me para a professora e disse convincentemente:

—  No, it's not!

Ela soltou um pequeno suspiro, satisfeita: a demora de minha resposta a havia deixado apreensiva. Imediatamente perguntou:

—  Is it a book?

Sorri da pergunta: tenho vivido uma parte de minha vida no meio de livros, conheço livros, lido com livros, sou capaz de distinguir um livro a primeira vista no meio de quaisquer outros objetos, sejam eles garrafas, tijolos ou cerejas maduras — sejam quais forem. Aquilo não era um livro, e mesmo supondo que houvesse livros encadernados em louça, aquilo não seria um deles: não parecia de modo algum um livro. Minha resposta demorou no máximo dois segundos:

—  No, it's not!

Tive o prazer de vê-la novamente satisfeita — mas só por alguns segundos. Aquela mulher era um desses espíritos insaciáveis que estão sempre a se propor questões, e se debruçam com uma curiosidade aflita sobre a natureza das coisas.

—  Is it a handkerchief?

Fiquei muito perturbado com essa pergunta. Para dizer a verdade, não sabia o que poderia ser um handkerchief; talvez fosse hipoteca... Não, hipoteca não. Por que haveria de ser hipoteca? Handkerchief! Era uma palavra sem a menor sombra de dúvida antipática; talvez fosse chefe de serviço ou relógio de pulso ou ainda, e muito provavelmente, enxaqueca. Fosse como fosse, respondi impávido:

—  No, it's not!

Minhas palavras soaram alto, com certa violência, pois me repugnava admitir que aquilo ou qualquer outra coisa nos meus arredores pudesse ser um handkerchief.

Ela então voltou a fazer uma pergunta. Desta vez, porém, a pergunta foi precedida de um certo olhar em que havia uma luz de malícia, uma espécie de insinuação, um longínquo toque de desafio. Sua voz era mais lenta que das outras vezes; não sou completamente ignorante em psicologia feminina, e antes dela abrir a boca eu já tinha a certeza de que se tratava de uma palavra decisiva.

—  Is it an ash-tray?

Uma grande alegria me inundou a alma. Em primeiro lugar porque eu sei o que é um ash-tray: um ash-tray é um cinzeiro. Em segundo lugar porque, fitando o objeto que ela me apresentava, notei uma extraordinária semelhança entre ele e um ash-tray.  Era um objeto de louça de forma oval, com cerca de 13 centímetros de comprimento.

As bordas eram da altura aproximada de um centímetro, e nelas havia reentrâncias curvas — duas ou três — na parte superior. Na depressão central, uma espécie de bacia delimitada por essas bordas, havia um pequeno pedaço de cigarro fumado (uma bagana) e, aqui e ali, cinzas esparsas, além de um palito de fósforos já riscado. Respondi:

—  Yes!

O que sucedeu então foi indescritível. A boa senhora teve o rosto completamente iluminado por onda de alegria; os olhos brilhavam — vitória! vitória! — e um largo sorriso desabrochou rapidamente nos lábios havia pouco franzidos pela meditação triste e inquieta.  Ergueu-se um pouco da cadeira e não se pôde impedir de estender o braço e me bater no ombro, ao mesmo tempo que exclamava, muito excitada:

—  Very well!  Very well!

Sou um homem de natural tímido, e ainda mais no lidar com mulheres. A efusão com que ela festejava minha vitória me perturbou; tive um susto, senti vergonha e muito orgulho.

Retirei-me imensamente satisfeito daquela primeira aula; andei na rua com passo firme e ao ver, na vitrine de uma loja,alguns belos cachimbos ingleses, tive mesmo a tentação de comprar um. Certamente teria entabulado uma longa conversação com o embaixador britânico, se o encontrasse naquele momento. Eu tiraria o cachimbo da boca e lhe diria:

--  It's not an ash-tray!

E ele na certa ficaria muito satisfeito por ver que eu sabia falar inglês, pois deve ser sempre agradável a um embaixador ver que sua língua natal começa a ser versada pelas pessoas de boa-fé do país junto a cujo governo é acreditado.
Maio, 1945




CONTO DE ESCOLA

Machado de Assis.

A escola era na Rua do Costa, um sobradinho de grade de pau. O ano era de 1840. Naquele dia - uma segunda-feira, do mês de maio - deixei-me estar alguns instantes na Rua da Princesa a ver onde iria brincar a manhã. Hesitava entre o morro de S. Diogo e o Campo de Sant'Ana, que não era então esse parque atual, construção de gentleman, mas um espaço rústico, mais ou menos infinito, alastrado de lavadeiras, capim e burros soltos. Morro ou campo? Tal era o problema. De repente disse comigo que o melhor era a escola. E guiei para a escola. Aqui vai a razão.

Na semana anterior tinha feito dois suetos, e, descoberto o caso, recebi o pagamento das mãos de meu pai, que me deu uma sova de vara de marmeleiro. As sovas de meu pai doíam por muito tempo. Era um velho empregado do Arsenal de Guerra, ríspido e intolerante. Sonhava para mim uma grande posição comercial, e tinha ânsia de me ver com os elementos mercantis, ler, escrever e contar, para me meter de caixeiro. Citava-me nomes de capitalistas que tinham começado ao balcão. Ora, foi a lembrança do último castigo que me levou naquela manhã para o colégio. Não era um menino de virtudes.

Subi a escada com cautela, para não ser ouvido do mestre, e cheguei a tempo; ele entrou na sala três ou quatro minutos depois. Entrou com o andar manso do costume, em chinelas de cordovão, com a jaqueta de brim lavada e desbotada, calça branca e tesa e grande colarinho caído. Chamava-se Policarpo e tinha perto de cinqüenta anos ou mais. Uma vez sentado, extraiu da jaqueta a boceta de rapé e o lenço vermelho, pô-los na gaveta; depois relanceou os olhos pela sala. Os meninos, que se conservaram de pé durante a entrada dele, tornaram a sentar-se. Tudo estava em ordem; começaram os trabalhos.

- Seu Pilar, eu preciso falar com você, disse-me baixinho o filho do mestre.

Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligência tarda. Raimundo gastava duas horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinqüenta minutos; vencia com o tempo o que não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a isso um grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, cara doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais severo com ele do que conosco.

- O que é que você quer?

- Logo, respondeu ele com voz trêmula.

Começou a lição de escrita. Custa-me dizer que eu era dos mais adiantados da escola; mas era. Não digo também que era dos mais inteligentes, por um escrúpulo fácil de entender e de excelente efeito no estilo, mas não tenho outra convicção. Note-se que não era pálido nem mofino: tinha boas cores e músculos de ferro. Na lição de escrita, por exemplo, acabava sempre antes de todos, mas deixava-me estar a recortar narizes no papel ou na tábua, ocupação sem nobreza nem espiritualidade, mas em todo caso ingênua. Naquele dia foi a mesma coisa; tão depressa acabei, como entrei a reproduzir o nariz do mestre, dando-lhe cinco ou seis atitudes diferentes, das quais recordo a interrogativa, a admirativa, a dubitativa e a cogitativa. Não lhes punha esses nomes, pobre estudante de primeiras letras que era; mas, instintivamente, dava-lhes essas expressões. Os outros foram acabando; não tive remédio senão acabar também, entregar a escrita, e voltar para o meu lugar.

Com franqueza, estava arrependido de ter vindo. Agora que ficava preso, ardia por andar lá fora, e recapitulava o campo e o morro, pensava nos outros meninos vadios, o Chico Telha, o Américo, o Carlos das Escadinhas, a fina flor do bairro e do gênero humano. Para cúmulo de desespero, vi através das vidraças da escola, no claro azul do céu, por cima do morro do Livramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, que bojava no ar, uma coisa soberba. E eu na
escola, sentado, pernas unidas, com o livro de leitura e a gramática nos joelhos.

- Fui um bobo em vir, disse eu ao Raimundo.

- Não diga isso, murmurou ele.

Olhei para ele; estava mais pálido. Então lembrou-me outra vez que queria pedir-me alguma coisa, e perguntei-lhe o que era. Raimundo estremeceu de novo, e, rápido, disse-me que esperasse um pouco; era uma coisa particular.

- Seu Pilar... murmurou ele daí a alguns minutos.

- Que é?

- Você...

- Você quê?

Ele deitou os olhos ao pai, e depois a alguns outros meninos. Um destes, o Curvelo, olhava para ele, desconfiado, e o Raimundo, notando-me essa circunstância, pediu alguns minutos mais de espera. Confesso que começava a arder de curiosidade. Olhei para o Curvelo, e vi que parecia atento; podia ser uma simples curiosidade vaga, natural indiscrição; mas podia ser também alguma coisa entre eles. Esse Curvelo era um pouco levado do diabo. Tinha onze anos, era mais velho que nós.

Que me quereria o Raimundo? Continuei inquieto, remexendo-me muito, falando-lhe baixo, com instância, que me dissesse o que era, que ninguém cuidava dele nem de mim. Ou então, de tarde...

- De tarde, não, interrompeu-me ele; não pode ser de tarde.

- Então agora...

- Papai está olhando.

Na verdade, o mestre fitava-nos. Como era mais severo para o filho, buscava-o muitas vezes com os olhos, para trazê-lo mais aperreado. Mas nós também éramos finos; metemos o nariz no livro, e continuamos a ler. Afinal cansou e tomou as folhas do dia, três ou quatro, que ele lia devagar, mastigando as idéias e as paixões. Não esqueçam que estávamos então no fim da Regência, e que era grande a agitação pública. Policarpo tinha decerto algum partido, mas nunca pude averiguar esse ponto. O pior que ele podia ter, para nós, era a palmatória. E essa lá estava, pendurada do portal da janela, à direita, com os seus cinco olhos do diabo. Era só levantar a mão, despendurá-la e brandi-la, com a força do costume, que não era pouca. E daí, pode ser que alguma vez as paixões políticas dominassem nele a ponto de poupar-nos uma ou outra correção. Naquele dia, ao menos, pareceu-me que lia as folhas com muito interesse; levantava os olhos de quando em quando, ou tomava uma pitada, mas tornava logo aos jornais, e lia a valer.

No fim de algum tempo - dez ou doze minutos - Raimundo meteu a mão no bolso das calças e olhou para mim.

- Sabe o que tenho aqui?

- Não.

- Uma pratinha que mamãe me deu.

- Hoje?

- Não, no outro dia, quando fiz anos...

- Pratinha de verdade?

- De verdade.

Tirou-a vagarosamente, e mostrou-me de longe. Era uma moeda do tempo do rei, cuido que doze vinténs ou dois tostões, não me lembro; mas era uma moeda, e tal moeda que me fez pular o sangue no coração. Raimundo revolveu em mim o olhar pálido; depois perguntou-me se a queria para mim. Respondi-lhe que estava caçoando, mas ele jurou que não.

- Mas então você fica sem ela?

- Mamãe depois me arranja outra. Ela tem muitas que vovô lhe deixou, numa caixinha; algumas são de ouro. Você quer esta?

Minha resposta foi estender-lhe a mão disfarçadamente, depois de olhar para a mesa do mestre. Raimundo recuou a mão dele e deu à boca um gesto amarelo, que queria sorrir. Em seguida propôs-me um negócio, uma troca de serviços; ele me daria a moeda, eu lhe explicaria um ponto da lição de sintaxe. Não conseguira reter nada do livro, e estava com medo do pai. E concluía a proposta esfregando a pratinha nos joelhos...

Tive uma sensação esquisita. Não é que eu possuísse da virtude uma idéia antes própria de homem; não é também que não fosse fácil em empregar uma ou outra mentira de criança. Sabíamos ambos enganar ao mestre. A novidade estava nos termos da proposta, na troca de lição e dinheiro, compra franca, positiva, toma lá, dá cá; tal foi a causa da sensação. Fiquei a olhar para ele, à toa, sem poder dizer nada.

Compreende-se que o ponto da lição era difícil, e que o Raimundo, não o tendo aprendido, recorria a um meio que lhe pareceu útil para escapar ao castigo do pai. Se me tem pedido a coisa por favor, alcançá-la-ia do mesmo modo, como de outras vezes, mas parece que era lembrança das outras vezes, o medo de achar a minha vontade frouxa ou cansada, e não aprender como queria, - e pode ser mesmo que em alguma ocasião lhe tivesse ensinado mal, - parece que tal foi a causa da proposta. O pobre-diabo contava com o favor, - mas queria assegurar-lhe a eficácia, e daí recorreu à moeda que a mãe lhe dera e que ele guardava como relíquia ou brinquedo; pegou dela e veio esfregá-la nos joelhos, à minha vista, como uma tentação... Realmente, era bonita, fina, branca, muito branca; e para mim, que só trazia cobre no bolso, quando trazia alguma coisa, um cobre feio, grosso, azinhavrado...

Não queria recebê-la, e custava-me recusá-la. Olhei para o mestre, que continuava a ler, com tal interesse, que lhe pingava o rapé do nariz. - Ande, tome, dizia-me baixinho o filho. E a pratinha fuzilava-lhe entre os dedos, como se fora diamante... Em verdade, se o mestre não visse nada, que mal havia? E ele não podia ver nada, estava agarrado aos jornais, lendo com fogo, com indignação...

- Tome, tome...

Relancei os olhos pela sala, e dei com os do Curvelo em nós; disse ao Raimundo que esperasse. Pareceu-me que o outro nos observava, então dissimulei; mas daí a pouco deitei-lhe outra vez o olho, e - tanto se ilude a vontade! - não lhe vi mais nada. Então cobrei ânimo.

- Dê cá...

Raimundo deu-me a pratinha, sorrateiramente; eu meti-a na algibeira das calças, com um alvoroço que não posso definir. Cá estava ela comigo, pegadinha à perna. Restava prestar o serviço, ensinar a lição e não me demorei em fazê-lo, nem o fiz mal, ao menos conscientemente; passava-lhe a explicação em um retalho de papel que ele recebeu com cautela e cheio de atenção. Sentia-se que despendia um esforço cinco ou seis vezes maior para aprender um nada; mas contanto que ele escapasse ao castigo, tudo iria bem.

De repente, olhei para o Curvelo e estremeci; tinha os olhos em nós, com um riso que me pareceu mau. Disfarcei; mas daí a pouco, voltando-me outra vez para ele, achei-o do mesmo modo, com o mesmo ar, acrescendo que entrava a remexer-se no banco, impaciente. Sorri para ele e ele não sorriu; ao contrário, franziu a testa, o que lhe deu um aspecto ameaçador. O coração bateu-me muito.

- Precisamos muito cuidado, disse eu ao Raimundo.

- Diga-me isto só, murmurou ele.

Fiz-lhe sinal que se calasse; mas ele instava, e a moeda, cá no bolso, lembrava-me o contrato feito. Ensinei-lhe o que era, disfarçando muito; depois, tornei a olhar para o Curvelo, que me pareceu ainda mais inquieto, e o riso, dantes mau, estava agora pior. Não é preciso dizer que também eu ficara em brasas, ansioso que a aula acabasse; mas nem o relógio andava como das outras vezes, nem o mestre fazia caso da escola; este lia os jornais, artigo por artigo, pontuando-os com exclamações, com gestos de ombros, com uma ou duas pancadinhas na mesa. E lá fora, no céu azul, por cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da mangueira, e a pratinha no bolso das calças, que eu não daria a ninguém, nem que me serrassem; guardá-la-ia em casa, dizendo a mamãe que a tinha achado na rua. Para que me não fugisse, ia-a apalpando, roçando-lhe os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tato a inscrição, com uma grande vontade de espiá-la.

- Oh! seu Pilar! bradou o mestre com voz de trovão.

Estremeci como se acordasse de um sonho, e levantei-me às pressas. Dei com o mestre, olhando para mim, cara fechada, jornais dispersos, e ao pé da mesa, em pé, o Curvelo. Pareceu-me adivinhar tudo.

- Venha cá! bradou o mestre.

Fui e parei diante dele. Ele enterrou-me pela consciência dentro um par de olhos pontudos; depois chamou o filho. Toda a escola tinha parado; ninguém mais lia, ninguém fazia um só movimento. Eu, conquanto não tirasse os olhos do mestre, sentia no ar a curiosidade e o pavor de todos.

- Então o senhor recebe dinheiro para ensinar as lições aos outros? disse-me o Policarpo.

- Eu...

- Dê cá a moeda que este seu colega lhe deu! clamou.

Não obedeci logo, mas não pude negar nada. Continuei a tremer muito. Policarpo bradou de novo que lhe desse a moeda, e eu não resisti mais, meti a mão no bolso, vagarosamente, saquei-a e entreguei-lha. Ele examinou-a de um e outro lado, bufando de raiva; depois estendeu o braço e atirou-a à rua. E então disse-nos uma porção de coisas duras, que tanto o filho como eu acabávamos de praticar uma ação feia, indigna, baixa, uma vilania, e para emenda e exemplo íamos ser castigados. Aqui pegou da palmatória.

- Perdão, seu mestre... solucei eu.

- Não há perdão! Dê cá a mão! Dê cá! Vamos! Sem-vergonha! Dê cá a mão!

- Mas, seu mestre...

- Olhe que é pior!

Estendi-lhe a mão direita, depois a esquerda, e fui recebendo os bolos uns por cima dos outros, até completar doze, que me deixaram as palmas vermelhas e inchadas. Chegou a vez do filho, e foi a mesma coisa; não lhe poupou nada, dois, quatro, oito, doze bolos. Acabou, pregou-nos outro sermão. Chamou-nos sem-vergonhas, desaforados, e jurou que se repetíssemos o negócio apanharíamos tal castigo que nos havia de lembrar para todo o sempre. E exclamava: Porcalhões! tratantes! faltos de brio!

Eu, por mim, tinha a cara no chão. Não ousava fitar ninguém, sentia todos os olhos em nós. Recolhi-me ao banco, soluçando, fustigado pelos impropérios do mestre. Na sala arquejava o terror; posso dizer que naquele dia ninguém faria igual negócio. Creio que o próprio Curvelo enfiara de medo. Não olhei logo para ele, cá dentro de mim jurava quebrar-lhe a cara, na rua, logo que saíssemos, tão certo como três e dois serem cinco.

Daí a algum tempo olhei para ele; ele também olhava para mim, mas desviou a cara, e penso que empalideceu. Compôs-se e entrou a ler em voz alta; estava com medo. Começou a variar de atitude, agitando-se à toa, coçando os joelhos, o nariz. Pode ser até que se arrependesse de nos ter denunciado; e na verdade, por que denunciar-nos? Em que é que lhe tirávamos alguma coisa?

- Tu me pagas! tão duro como osso! dizia eu comigo.

Veio a hora de sair, e saímos; ele foi adiante, apressado, e eu não queria brigar ali mesmo, na Rua do Costa, perto do colégio; havia de ser na Rua larga São Joaquim. Quando, porém, cheguei à esquina, já o não vi; provavelmente escondera-se em algum corredor ou loja; entrei numa botica, espiei em outras casas, perguntei por ele a algumas pessoas, ninguém me deu notícia. De tarde faltou à escola.

Em casa não contei nada, é claro; mas para explicar as mãos inchadas, menti a minha mãe, disse-lhe que não tinha sabido a lição. Dormi nessa noite, mandando ao diabo os dois meninos, tanto o da denúncia como o da moeda. E sonhei com a moeda; sonhei que, ao tornar à escola, no dia seguinte, dera com ela na rua, e a apanhara, sem medo nem escrúpulos...

De manhã, acordei cedo. A idéia de ir procurar a moeda fez-me vestir depressa. O dia estava esplêndido, um dia de maio, sol magnífico, ar brando, sem contar as calças novas que minha mãe me deu, por sinal que eram amarelas. Tudo isso, e a pratinha... Saí de casa, como se fosse trepar ao trono de Jerusalém. Piquei o passo para que ninguém chegasse antes de mim à escola; ainda assim não andei tão depressa que amarrotasse as calças. Não, que elas eram bonitas! Mirava-as, fugia aos encontros, ao lixo da rua...

Na rua encontrei uma companhia do batalhão de fuzileiros, tambor à frente, rufando. Não podia ouvir isto quieto. Os soldados vinham batendo o pé rápido, igual, direita, esquerda, ao som do rufo; vinham, passaram por mim, e foram andando. Eu senti uma comichão nos pés, e tive ímpeto de ir atrás deles. Já lhes disse: o dia estava lindo, e depois o tambor... Olhei para um e outro lado; afinal, não sei como foi, entrei a marchar também ao som do rufo, creio que cantarolando alguma coisa: Rato na casaca... Não fui à escola, acompanhei os fuzileiros, depois enfiei pela Saúde, e acabei a manhã na Praia da Gamboa. Voltei para casa com as calças enxovalhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. E contudo a pratinha era bonita e foram eles, Raimundo e Curvelo, que me deram o primeiro conhecimento, um da corrupção, outro da delação; mas o diabo do tambor...






VOLTA ÀS AULAS (UM RETORNO CADA VEZ MAIS CARO)

Carlos Eduardo Novaes

- Juvenal Ouriço olhou o cartaz da porta: “Escolinha A Toca da Raposa”. Entrou , sentou-se e alisando seus vastos bigodes ficou aguardando diminuir o movimento da secretaria. Quando a última mãe de aluno retirou-se, Juvenal levantou-se e dirigiu-se à secretária:
- Por obséquio, eu desejava fazer uma matrícula.
- Pois não – disse a moça, apanhando uma ficha de matrícula – como é o nome do seu filho?
- Não. Não é para o meu filho.
- Não? Pra quem é então? Seu sobrinho?
- Não senhora. É pra mim mesmo.
- O senhor? Mas aqui nós só temos maternal, jardim, alfabetização, essas coisas. É uma escolinha de primeiro grau.
- Eu sei – respondeu Juvenal muito sério – eu vim me matricular no jardim-de-infância.
- Meio assustada a moça perguntou se Juvenal tinha certificado de transferência de outra escola. Como Juvenal dissesse que sua última transferência em escola primária foi em 1948, a secretária afirmou que seria preciso fazer um teste “para saber em qual jardim colocá-lo”. Distraída, preenchendo a ficha indagou: “Tem mais de seis anos?”
- Seis anos o quê? – perguntou Juvenal. – De casado? De formado?
- A secretária apressou em dizer que a pergunta era mera formalidade porque “de acordo com a lei, se o senhor tiver mais de seis anos de idade já poderá ser alfabetizado”. Juvenal declarou que não estava interessado em ser alfabetizado. Ficou decidido então que iria para o terceiro grau do jardim-de-infância. A moça pediu-lhe os documentos: certidão de nascimento, atestado de vacina antivaríola, atestado audio-métrico e três retratos três por quatro.
- Retrato recente? – perguntou Juvenal – ou de quando eu tinha cinco anos?
A secretária informou o preço da anuidade, deu o modelo do uniforme e forneceu a relação do material escolar. Juvenal leu com atenção a longa lista e observou:
- Esse material aqui é até pro dia do vestibular?
- Não senhor. É só para esse ano. O senhor vai querer o ônibus?
- Não obrigado – respondeu Juvenal – eu tenho carro.
Juvenal saiu e enquanto se dirigia ao banco para levantar o empréstimo que lhe permitisse fazer as compras que a escola pedia, pensou que se John Kennedy fosse vivo certamente diria que “o preço da educação é o eterno endividamento”. Na papelaria, depois de brigar mais do que no dia em que foi atrás dos ingressos para o desfile das escolas de samba, Juvenal finalmente conseguiu comprar tudo. Já na casa de uniformes, Juvenal só teve dificuldades de arranjar uma calça curta e um avental para seu tamanho. Ao seu lado, uma senhora pedia o uniforme da escola Gruta do Leão.
- A senhora – perguntou o vendedor – quer completo?
- É sim – disse ela -, completo, com camisa, calça, gravata, meias e sapatos. Quanto é?
- Quatrocentos cruzeiros.
- Quatrocentos cruzeiros? – gritou ela, remexendo o dinheiro na bolsa. – Então me dá só as meias.
- Tudo um absurdo – exclamou ela -, o custo de vida está pela hora da morte.
- É verdade – completou Juvenal -, e o custo das aulas está pela hora do recreio.
- No encerramento do primeiro dia de aulas, Juvenal despediu-se dos coleguinhas e, quando ia saindo, tia Lúcia não conseguiu esconder a sua curiosidade e perguntou: “O que o senhor está fazendo aqui na escola? O senhor já não sabe de tudo isso?”
- Sei, mas meus filhos não sabem.
- E o senhor tem filhos?
- Tenho, cinco, pequenos.
- E por que não os coloca na escola?
- Porque eu teria que abrir falência. Achei que seria melhor assim: ao invés de mandá-los, eu venho e à noite quando chego em casa eu conto pra eles tudo o que aprendi.
- E dá resultado?
- Pode não dar. Mas sai muito mais barato.







sábado, 23 de junho de 2012

CRIANDO LIMERIQUES

Olha aí pessoal que ferramenta superlegal no EDUCAR PARA CRESCER  para você criar seus Limeriques.
As turmas  do 7º ano já conhece o gênero, para você que ainda não tinha visto ou se esqueceu como é vale lembrar:

Limerique: é um poema  bem-humorado, de cinco versos, rimados e bem ritmados, que servem para fazer divertidas brincadeiras com palavras, rimas, ideias, personagens, bichos, objetos, etc.
De rigem desconhecida, tornarm-se muito populares na Inglaterra a partir do século XIX.  O poeta ingleês Edward Lear é o mestre dos limeriques.

Esses foram traduzidos pela escritora Tatiana Belinky

Um magro rapaz em Bilbão
De tanto comer só mingau
Em vez de crescer
Só fez encolher
Até virar catatau.

 No galho da árvore, um bode
Torcia o fondoso bigode, 
Mas os passarinhos
fizeram seus ninhos 
Nos pelos daquele bigode

Então clique AQUI  e divirta-se criando muitos limeriques! 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

I CHÁ LITERÁRIO DO COLÉGIO ADONAI





Aconteceu dia 01º de junho, com a presença dos autores membros da União Literária Anapolina: Natalina Fernandes,Maria Rodrigues  Di Clemente, Rosalina Marques, Érick Borges e  Ricardo Brenner, abrilhantando o evento, concedendo-nos momentos de enriquecimento na cultura literária e coroando de lauros os vencedores do "Projeto Tempo para Ler", que desafiou a cada educando a ler  audivelmente  durante 15 minutos diários, gêneros livres para um ouvinte que assinaria sua ficha de leitor.  Aqueles que, durante os 60 dias realizaram  pelo menos   90% da tarefa foram certificados e congratulados com uma medalha.  Parabéns!!
Na oportunidade o também cantor Ricardo Brenner apresentou-se  poetando: cafezinho com Cora.
A Presidente da ULA, poetisa Natalina Fernandes trouxe-nos de forma lúdica , metalinguística e principalmente poética os conceitos de Poema e Poesia, citando, por exemplo Paulo Nunes Batista:

Poema é flor, poesia é aroma. 
Poema é sono, poesia é sonho. 
Poema é boca, poesia é sorriso. 
Poema é fruto, poesia é gosto. 
Poema é caminho, poesia é vôo. 
Poema é caminho, poesia caminhada. 


Poesia é como Beleza, 
ilumina os escuros da gente. 


Quem nunca sentiu saudade, 
não sabe o gosto que a poesia tem. 


Poesia é tudo, gente, artista criando, 
DEUS abrindo céus de paz no silêncio das almas. 


A turma toda vibrou e aprendeu direitinho, 




Viajamos pelo espaço  infinito da poesia com "A Pipa"
                                                  de Rosalina Fernandes.









A  poetisa "Di Clemente" fez um poema especial para o "Chá literário" . Confiram quanto carinho!!




Teu riso fiel 


Sou feliz agora perto de ti. 
Meu ser revigora contigo
ao meu lado, sorrindo feliz 
ou mesmo em desencanto 
aos instantes hostis da vida 

Sou feliz porque vejo o riso
 que afora em tua face linda!
Transparece a generosidade
que habita, cresce um querer 
não simbólico, mas, fiel, real. 

Vejo em ti, a esperança futura 
de muitos, a ventura do trilhar, 
ameno, próspero e mais seguro. 
A tocha foi acesa para te guiar.

Levo daqui a certeza do crescer... 
Do rastrear... enxotar empecilhos 
dos seres que buscam o saber. 

Deixo o meu afeto intenso e puro
meu amor desmedido e sincero, 
porque te amo... te amo demais! 
(Diclemente)



GALERIA DE FOTOS 



Ronaldo  - 7ºA   e Rafaela 7º B mostrando seu trunfos

Cena de "Frankenstein" adaptação apresentada pelos alunos da segunda série 


Turma da segunda série - com profª Aline, coordenador Sérgio e Jossane - nossa diretora 

Detalhes caprichosamente planejados pela professora Aline 



Para o momento do Chá os convidados foram recebidos pelas musicistas:Ariele, Débora Lobo e Raphaella 


As alunas Rebeca e Samara - 7 C declamaram especialmente para os autores


  


Delícias da culinária goiana... humm!! Pamonha , pão-de-queijo... 



professores e coordenadora Márcia : Ricardo, Marivalda, Weniton, Déborah  e Carlos Chileno 


Desfile dos personagens: diretamente do mundo dos quadrinhos e dos contos de fadas - 6º A e B  - Euzinha só babando...



Ordem do fotógrafo:  Euforia geral !


A Mônica com o Janjão ao lado de Magali "Lídia"


Milagre!!! Só no Colégio Adonai: Magali repartiu com a Mônica (Mariana) e o  Capitão América sua melancia!!! 


Ei Filipe de Castro, garanto que toda essa musculatura não foi efeito da melancia!KKKK


A Mulher Maravilha - Werediana 


A "Bela" compareceu sem a "Fera" - para a nossa alegriaaaa!!! "Letícia 


As fadinhas - Ágata, Mila e Gabriella 


Glorinha - é acredite se quiser Ana  Beatriz 


Amicíssima, Luluzinha  (Luiza)  veio acompanhar  Glorinha 


Até Pedrita - "Júlia" esteve juntamente com Wilma representando os s flintstones


Miney - Charmosíssima -Ana Clara Pereira 


Thor-  Víctor


O Penadinho, Caixinhos Dourados, A Bela, Chapeuzinho Vermelho, Luluzinha, Glorinha, Wilma, Pedrita, Miney, Penélope Charmosa








A vilã  encantadora: Izabella  como "Bruxa"



Ao Senhor Deus nosso louvor por um dia tão diferentemente enriquecido por tantas vidas  abençoadas! Parabéns a todos os participantes!!!








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